O vento seca nossas lágrimas como o sol aquece nossos
momentos invernais. A luz nos traz vida quando não conseguimos enxergar através
da escuridão de nossos medos. Medos que nos trazem inquietude.
A percepção enternecida dos momentos que vivemos vem da
sutileza dos sentidos mais profundos, quando a quietude de nossa mente fica em
um fio entre a matéria e o espírito. Linha tênue, que nos mantém entre o céu e
o inferno.
Preso em nossos corpos podemos, por muitas vezes, nos
sentir pesados, esvai-se nossa sensibilidade fina, nos apegamos ao modo mais
grosseiro de viver. Mas na mesma proporção, por vezes, podemos sair deste estado
e aguçar nossa percepção, possuindo quase uma sensibilidade imaterial. A
sensibilidade dos aromas, do tocar da brisa fria e suave, do conforto do
aquecer da luz.
O vento leva nossos pesares, o sol ilumina nossos sonhos.
Podemos ser aquilo que imaginamos, e o que acontece é apenas um reflexo deste
pensamento. Onde está a verdadeira natureza de nossos sonhos, conflitos,
desejos...
O vento nos traz a vida, o sol a faz florescer. Qual seria
nosso destino sem os elementos que nos constroem. Podemos pensar em viver sem a
relação com tudo a nossa volta. Seres independentes que precisam do vento, da
luz, do calor, para simplesmente viver. Seres invisíveis, sensações invisíveis.
Quando conseguiremos, realmente entender que o simples
vento, a luz, são tão importantes quanto nós mesmos? Por este caminho, quem sabe
poderemos começar a entender o quanto tudo a nossa volta é tão importante para
nossa existência quanto nós mesmo. Será que assim poderemos então entender a
importância de nossos pares? Animais, humanos e tantas outras espécies que
estão aqui, que não se expressam de forma grosseira para conseguirmos escutá-los.
Que o vento nos traga mais sensibilidade e a luz mais
sabedoria. Que nos traga o poder da consciência de que não estamos acima de
nada, que somos uma pequena parte e apenas participamos desta dança.