sexta-feira, 11 de outubro de 2013

O vento e o sol



O vento seca nossas lágrimas como o sol aquece nossos momentos invernais. A luz nos traz vida quando não conseguimos enxergar através da escuridão de nossos medos. Medos que nos trazem inquietude.
A percepção enternecida dos momentos que vivemos vem da sutileza dos sentidos mais profundos, quando a quietude de nossa mente fica em um fio entre a matéria e o espírito. Linha tênue, que nos mantém entre o céu e o inferno.
Preso em nossos corpos podemos, por muitas vezes, nos sentir pesados, esvai-se nossa sensibilidade fina, nos apegamos ao modo mais grosseiro de viver. Mas na mesma proporção, por vezes, podemos sair deste estado e aguçar nossa percepção, possuindo quase uma sensibilidade imaterial. A sensibilidade dos aromas, do tocar da brisa fria e suave, do conforto do aquecer da luz.
O vento leva nossos pesares, o sol ilumina nossos sonhos. Podemos ser aquilo que imaginamos, e o que acontece é apenas um reflexo deste pensamento. Onde está a verdadeira natureza de nossos sonhos, conflitos, desejos...
O vento nos traz a vida, o sol a faz florescer. Qual seria nosso destino sem os elementos que nos constroem. Podemos pensar em viver sem a relação com tudo a nossa volta. Seres independentes que precisam do vento, da luz, do calor, para simplesmente viver. Seres invisíveis, sensações invisíveis.
Quando conseguiremos, realmente entender que o simples vento, a luz, são tão importantes quanto nós mesmos? Por este caminho, quem sabe poderemos começar a entender o quanto tudo a nossa volta é tão importante para nossa existência quanto nós mesmo. Será que assim poderemos então entender a importância de nossos pares? Animais, humanos e tantas outras espécies que estão aqui, que não se expressam de forma grosseira para conseguirmos escutá-los.
Que o vento nos traga mais sensibilidade e a luz mais sabedoria. Que nos traga o poder da consciência de que não estamos acima de nada, que somos uma pequena parte e apenas participamos desta dança.