quinta-feira, 12 de abril de 2012

Como manipular pessoas em seis atos (ou mais)



Tudo começou com uma luta “esportiva” que se chamava “Vale Tudo”, ou melhor, “Quase Tudo”. Não vale matar, senão não tem como ter revanche. Foi se tornando popular e se transformou em um show business. Muito dinheiro, internacional, muita popularidade. Agora um esporte. Juízes, regras, categorias, organização, mídia, tudo que um grande negocio esportivo tem.
Luta, muita luta! Uma mistura de várias lutas em uma só.
A cada evento mais popularidade, transmitida em canais fechados, pay-per-view, para um público que gosta de ver lutas.
Uns assistem para colocarem suas raivas e frustrações para fora, outros pelas técnicas aplicadas, outros por que gostam, enfim: cada um, cada um...
Até que um dia, uma grande emissora de sinal aberto, compra os direitos de transmissão.
Como fazer para transmitir um esporte violento para seus gloriosos telespectadores? Então vamos lá. Só tem um jeito. Mudar a forma das pessoas pensarem este esporte.
Lá vai a receita:
1 – Novela
Um personagem gente boa, simpático mesmo, batalhador, que é um lutador;
2 – Programas de variedades
Um quadro onde uma diva da virgindade é “fanática” por lutas e mostra o outro lado dos lutadores: vaidades, pessoas singelas, que se cuidam antes de suas batalhas;
3 – Um programa de reportagem
Este mostrando pessoas que buscam um espaço na sociedade, pessoas igual a qualquer um, que pratica um esporte, pessoas como você;
4 – Um programa matinal
Um programa voltado a donas de casa, com receitas, suave, e quem é o entrevistado?? Um grande lutador!!!
5 – Canal Pago
Um programa que mostra a fé das pessoas, e advinha quem é um dos personagens principais? Um lutador. Religioso, batalhador... Claro religiosidade é importante;
6 – Um reality show importado, adaptado ao nosso povo, para mostrar o dia a dia desses. Como diria nosso ilustre repórter/apresentador de outro reality “Nossos Heróis”!
E vem mais por ai...

Absolutamente nada contra os lutadores que ganham honestamente suas vidas neste esporte. E realmente são batalhadores e profissionais.
Mas uma emissora querer transformar uma luta em um evento quase angelical ?!?
E podem apostar, não demora muito e muita gente vai estar achando que lutas são quase como um divertido programa para o chá das cinco, com senhoras se ajeitando nas poltronas para assistirem aqueles mocinhos fortões dando alguns socos uns nos outros, mas sem violência, só esportivamente.