sexta-feira, 2 de setembro de 2011

Eternidade e seus quinze minutos de fama.



Todo mundo gostaria de ter seus quinze minutos de fama, ou pelo menos quase todo mundo. Podem ser quinze minutos que se tornarão eterno. E todos almejam a eternidade.
O que é a tão sonhada eternidade?
Eternidade é aquilo que alguém faz, é visto, falado ou escrito pelas pessoas, passado de geração a geração, até se tornar... eterno. A eternidade só existe se alguém registrar o fato. Se uma grande personagem ajuda um pobre coitado e o mundo fica sabendo... esse momento se torna eterno. E podemos creditar grande parte desta responsabilidade pela "eternização" das coisas na conta da deusa Mídia. Uma das maiores deusas da modernidade. Constrói, destrói, inventa comportamento, faz das pessoas medíocres personalidades incríveis. Só perde para o “deus dinheiro”, o maior dos deuses da mitologia contemporânea.
Imagine você, em um determinado momento, faz uma grande ato de amor a natureza, mas ninguém fica sabendo... esse momento só existiu para você, e claro não se tornou eterno para ninguém, talvez somente para você mesmo. Que triste isso não?
Então, os momentos só existem se outras pessoas participam dele? Ou então criamos estes momentos e eles só são realidade para nós. Mesmo que nossos pensamentos muitas vezes nos leve ao solipsismo, acredito “os outros” existem sim.
Talvez aí um dos motivos da importância da religião, no seu sentido verdadeiro de religar, porque nos traz a eternidade através da evolução pessoal, sem ninguém precisar saber disso. Sem depender dos outros para propagar nossos feitos, apenas para nos ajudar a evoluir.
Essa eternidade não passa somente pela imortalidade da alma, mas principalmente pela importância dos momentos solitários, das ações despretensiosas... a eternidade de cada momento vivido.
Eternos são nossos pensamentos, eterna é a nossa experiência, eterna é a construção de nossa história, única, e cá entre nós, não interessa a mais ninguém. Importante mesmo, ela é para nós. Eternidade é parar de querer os famosos "quinze minutos de fama", para conquistar trinta, quarenta, cinqüenta, sessenta anos de paz. Sentirmos orgulho de nós mesmos, conquistar a fama ao nosso olhar, a paz interior, e por mais solitário que pareça esta conquista ela só acontece se for através da doação aos outros.
Isso é eternizar nossas vivências.
Somos eternos, sem precisar espalhar isso pela voz, pela escrita, pela mídia, porque acontece no silêncio das almas, de geração para geração, apenas através do pensar.