É preciso deixar o rio fluir. Segurar águas nas
mãos?
O movimento da vida é permanente. Não há consolo
maior que o abraçar do vento em nosso corpo. Mas também se vai. O sentimento de
fluxo é a certeza de que nem um minuto permanece. Um após o outro, trazendo a
energia da vida.
Muitas vezes ouvimos a mesma frase: viver o agora!
O agora já se foi também. O agora é aquela fração de segundo que já se foi.
Antes mesmo de sua mente conseguir fixá-lo. A vida é mais que o momento: é o
fluxo. O correr de sentimentos, de sensações... sem controle. É estar presente
na fração. Isto nos leva a transpor o tempo, ilusão que nos prende a ansiedade
de achar que podemos controlar o incontrolável.
O que nos resta? Nos conectar com a beleza da vida
em seu interminável fluir.
A não-ação, a calmaria só é encontrada na profunda
respiração. Ali não há mais o momento.
Esta entrega não é passividade, ao contrário,
é consciência. Consciência de fazer o que é preciso sem estar preso ao medo, à angústia, ao tempo.
Deixar o passado no passado; o que virá, virá!
O rio sempre chegará ao mar, se assim não for, ele
deixará de ser rio.
Viver é simplesmente sorrir da nossa incapacidade
de viver.