quarta-feira, 26 de setembro de 2012

Será que somos como um grão de areia?

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Nestes últimos meses tenho conseguido ler bastante coisa. Interessante saber que muito já foi pensado nestes milhares de anos de história escrita. A constatação de que sabemos muito pouco acaba sendo angustiante, nos faz sentir como um grão de areia na praia. Pelo menos descobrimos que estamos na praia, somos parte dela.
Entender isso já é bom. Somos a areia, temos todos os elementos, somos parte e somos a praia.
Pensando como um grão de areia e se eles pudessem conversar, em uma praia, numa ilha muito longe, deserta, talvez um diria para o outro:

– tá vendo aquele siri, dizem que existem animais muito maiores que ele, tem um, que falam ter uma imensa tromba, duas orelhonas...
– ah... você e suas histórias, tem nada, todos os grãos que conheço já provaram que a vida além da praia chama-se “mar”, um lugar misterioso, que está além da nossa compreensão. Para lá que vamos quando chegar nossa hora.
– Não sei não, tem gente que fala que existe uns seres, imensos que andam sobre nós, e até comem animais que vivem neste mundo que você falou.
– O que existe é aquilo que você vê. Imagina... seres imensos...
­– Um dia, ouvi uma história de um grão, que com o vento foi para muito longe, um lugar onde havia muito verde, flores, objetos voadores, muitos animais diferentes, vários outros mundos. Ele chamou de florestas, rios, montanhas e outros nomes estranhos que nem me lembro.
– Acho que você deveria se preocupar em fazer a sua parte, ficar aqui paradinho, esperando.
– Esperando o quê?
– Como esperando o que, você é um grão, um grão espera aqui na praia, quietinho.
– Mas será que não dá pra gente...
Neste momento um vento forte bateu e levou os grãos para longe, voaram para direções diferentes. Um foi cair no meio do mar, o outro foi parar em uma floresta de uma montanha próxima.
O grão que caiu no mar foi para o fundo, muito fundo e encontrou outros iguais. Disse para o que estava ao seu lado:
– Escuro aqui não? Será que vai não vai sair sol hoje?
– Sol?? O que é isso? Do que você está falando, você está maluco...
O outro, que caiu na floresta olhou para os rios, flores, animais e encantado gritou:
– Então era verdade que existem seres imensos, com trombas, orelhudos, em outro lugar além de tudo que vejo agora. Ansiosamente esperou o próximo vento que o levaria para outros lugares.

É mais ou menos essa sensação que tenho, cada livro um vento novo, daí fica difícil ficar, esperando...